"A vida em um breve comentário"

"Pare e pense."

domingo, 27 de abril de 2008

Perdendo os dentes


Pouco adiantou
Acender cigarro
Falar palavrão
Perder a razão

Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém

Acho que eu fico mesmo diferente
Quando falo tudo o que penso realmente
Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou
E uso as palavras de um perdedor

As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci

Pouco adiantou
Acender cigarro
Falar palavrão
Perder a razão

Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém

Acho que eu fico mesmo diferente
Quando falo tudo o que penso realmente
Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou
E uso as palavras de um perdedor

As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci

As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci

sábado, 5 de abril de 2008

As meninas


Certa vez,não me lembro bem,acho que muito pequenina posso dizer,me disseram que,falar sobre feridas que ainda doem era um dos atos mais corajosos que um ser humano poderia enfrentar.

Pois bem hoje com Cecília desenterro um de meus maiores males,o que fora durante anos meu maior pesadelo real.É incrível como certas pessoas e acontecimentos mudam,as vezes tão radicalmente nossas vidas.Mas que desenterrar temores e desacorrentar fantasmas,em minha Teoria de conclusão de curso do meu técnico de Moda,esse ano chego a uma idade,que não me permite mais carregar fardos pesados de minha infância e adolescência,é mais do que hora de perseverar em direção ao futuro,e viver sem medo de eventuais "efeitos de repetição".

Pois bem então em desenvolvimento ao meu Tcc,que é algo parte biográfico(grande parte "as matter of fact"),eu desenterro minha quinta série,com os meus então onze para doze anos de idade,onde no primeiro livro do ano da lista era "Ou isto ou aquilo" de Cecília Meirelles.Eu que desde essa idade,já havia lido muitos livros,pois minha paixão por leitura vem de muitos anos,Cecília não me soava estranho,também no entanto, não me soava com extrema intimidade.

Naquela época estudava em um colégio mais conhecido certamente que o colégio em que passei todo o primário,colégio de bairro,junto com a quinta,eu que tinha passado por probelams com amiguinhas no outro colégio,tudo que eu queria,era fazer novas amizades,e deixar minha problématica quarta série pra trás.Tudo trascorria bem,até que fiz duas amigas que dividiam o mesmo nome,e pode acreditar,o mesmo signo.Nós éramos muito próximas,como unha e carne dizia nossos professores,tanto que no trabalho do livro de Cecília,fizemos uma apresentação cantada,que agradou tano a professora,que apresentemos para todo o colégio.Imagine nem era tão brilhante,porém ficara interessante musicalizar,um poema que já era quase uma música.

O poema era "As meninas",e me lembro de ter ficado irritada de me ter "sobrado" a doce e singela Maria,se você souber o poema,que vou colocar aqui,me entenmderia,ou não,hoje vejo,que nenhuma era melhor que Maria,só hoje vejo,que nem Arabela,nem Carolina,o que eu quero mesmo ser é um pouco mais Maria.Com o "papel" de Maria,eu cantava mais que as duas,e nossa apresentação foi bem aclamada.Tinhamos boas idéias,nossas peças nas aulas de teatro eram extremamente engraçadas,(tanto que até mesmo eu,que fazia parte,fiz xixi nas calças certa vez em cena!)enfim éramos em aprte as próprias meninas ,com algumas pequenas mudanças é claro.

Mas então,no ano seguinte as coisas ,mudaram e sem dar muitas explicações,elas começaram a me evitar,e dizerem que não queriam mais minha amizade.Não aquilo não poderia acontecer mais uma vez,eu pensava.Eu pedia explicações que o colégio e a sala inteira pareciam entender menos eu,ofensas,que uma pessoa como eu jamais lanaçaria á alguém,acho que isso me machucou muito,nunca ofenderia a mãe de ninguém,Meus princípios jamais me permitiriam.Mas com tais alegações,convenceram muita gente,que me ofendiam,lançavam olhares de repúdio,desde na perua escolar(eu ia pra escola com uma delas)até hora do intervalo.Ofensas,papeizinhs tacados em mim,piadinhas,músiquinhas,e eu se já não bastasse minha dor repentina de perder minhas queridas amizades,ainda tinha que sofrer uma malhação do Judas,por algo que eu sabia que não havia dito.Sofri assim por meses,e elas mantinham o que sempre diziam,meu sofrimento era tão doloroso,que eu ficava sozinha na escola,com vergonha daquelas pessoas que me julgavam tão cruelmente,e ainda a única companhia que tinha,depois descobri,que espalhava mais mentiras para elas.Certamente a escola nunca fora o meu lugar predileto,depois de tal experiência,ela deixou de ser para sempre,pelo menos até agora.

O que posso dizer é que eu com meus doze anos de idade,não tinha noção o que danos psicológicos como aqueles poderiam me trazer como consequência,não demoraria muito a descobrir,mas exatamente em meados de outubro,quando me mudei de horário,após meses de humilhações diárias,e acreditem a coordenação não puniu,nenhuma das agrssões morais e quase físcas,nenhuma delas.Quando me mudei de horário,tudo parecia ficar bem,não ia pra escola mais com frequência,e sentia que meus novos colegas,me aceitavam bem.Não precisou de uma semana,para que eu tivesse a primeira de muitas outras crises de uma doença que eu nem conhecia na época,lembro que cheguei na escola,e n primeira aula,vi tudo meio embaçado,senti tontura,meu coração disparava,uma falta de ar,mãos molhadas e frias,rosto quente e a pior das sensações,uma intensa,real e horrível sensação de morte.Para mim naquele instante,com treze anos recém completados de idade,que me lembro muito nitidamente ,para mim a sensação era que eu ia "desligar "a qualquer momento,assim com um descontrole total de mim,minha professora viu minha falta de cor quando fui a sua mesa,bambeando,e fui pra casa,com uma suspeita de fraqueza,depoiis de tudo que eu havia passado naquela escola,não seria estranho eu ter fraquezas.Algo em mim me dizia que não era falta de glicose no sangue meu problema,eu sentia com medo que era algo mais,pois minha percepção visula,auditiva e de ver ,sentir e pensar no mundo e em mim como ser humano havia mudado,era como se eu estivesse acorrentada em mim,e sem o menor controle do meu corpo.Passaram se os dias e as crises eram constantes,entre a primeira e a segunda aula,no início,era só na escola,depois passava se em qualquer luagar que fosse,o que me trasformou em além de prisoneira do meu próprio corpo,prisioneira da minha própria casa.Me levaram a médicos,fiz até exames eletrocardiograma,encefalograma,e tudo parecia estar absolutamente normal,até o de sangue,nada de anemia ou coisa similar,até que uma viznha recomendou minha mãe que me levasse á um profissional especializado,ou seja um psicólogo,minha mãe que já havia me levado anos antes,por ser filha de pais separados,me levou a uma psicológa recomendada por uma prima minha que é psiquiatra.Fui diagnosticada rapidamente com uma doença que eu nunca havia ouvido sequer o nome,mas que eu me tornaria quase que doutora com o tempo,Síndrome do pânico.Síndrome do quê?Era o que eu pensava,mas o que mais me intrigava era o porque de eu ter desenvolvido aquela doença.O fato de eu ter tido depressão três anos antes,e o fato de muitas frustrações em minha vida,inclusive a recente com minhas melhores amigas e todo o colégio,não parecia claro em minha cabeça pré adolescente.

Fiz terapia,fui entendendo muitas coisas,fui me conhcendo e com o tempo eu fui melhorando,nunca cem por cento,mas aliviada por não ter mais crises violentas como as do princípio,mas o trauma de colégio,mesmo que subconcientemente,desse eu nunca mais me livrei.

Fui vivendo,lutando bravamente dia-a-dia com essa dença que não tem cura,e que como um vício ,cada dia é um dia pra se vencer,e tive outras muitas mais dores em função de essa simples frustração de infância,até parei de estudar no colegial ,me trazendo uma atrazo de dois anos em minha formação,e trazendo outras frustrações com que lidar,mas acima de tudo,eu agradeço a vida,porque ,sem toda essa experiência,eu jamais seria a pessoa mais humana,que melhor entende as pessoas,e mais sábia que sou hoje,não teria conhcido pessoas que me ensinaram muito,lugares,livros ,filmes,músicas,nem teria morado com meu pai( quero dizer mais com a minha vovis querida que com ele)e com minha madrasta e descoberto que viver sem minha mãe e4ra bem mais difícil,não importa que nós sempre brigamos e que eu discorde de muitas coisas que ela faz,e até como ela me criou,mas muito o valor que ela tinha e tem pra mim.Não teria descoberto nem conhecido a pessoa que mais todos deveríamos conhecer melhor,eu mesma.

De nada disso teria sido minha vida,nem mais interessante,nem menos sofrida,porque o sofrimento ensina e muito,agradeço todos os dias.Aprendi e ainda aprendo a cada dia,que,quanto mais conhecimento que se tem,mais responsabilidade para lidar com ele tem que se ter,e isso as vezes traz bastante dor,mas também traz algo muito divino,algo que a ignorância e a normailidade nunca poderiam dar.Aquele sentimento de que mesmo que você sofra,e saiba que o mundo ainda é injusto e arcaico em relações as inúmeras diferenças que as pessoas têm,eu sinto que eu sou uma pessoa toda especial na minha singularidade em relação á mim mesma,e igual em relação a minha humanidade.Acho que aos onze,antes de tudo isso que ocorreu em minha vida,não sabia da grande impotância de Maria em nossas vidas.Como Maria perdoei as menians que tanto me fizeram sofrer,pois pior que não ser perdoado,e viver sem perdoar alguém.



As meninas (Cecília Meirelles)


Arabela

abria a janela.


Carolina

erguia a cortina.


E Maria

olhava e sorria:

"Bom dia!"


Arabela

foi sempre a mais bela.


Carolina

a mais sábia menina.


E Maria

apenas sorria:

"Bom dia!"


Pensaremos em cada menina

que vivia naquela janela;

uma que se chamava Arabela,

outra que se chamou Carolina.


Mas a nossa profunda saudade

è Maria,Maria,Maria,

que dizia com voz de amizade:

"Bom dia!"